sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

NUNCA TEREMOS UMA TORRE EIFFEL

Vivemos uma sociedade onde, desde o copo e o talher até o celular e o carro, tudo é descartável. A memória se dilui, anunciando o Tempo da Grande Amnésia. Mal se acabou de construir, o edifício já não corresponde às necessidades da efêmera atualidade. 
Sessenta anos depois de construído, o estádio da Fonte Nova do baiano Diógenes Rebouças foi destruído para satisfazer ego e bolso de um punhado de políticos e empresários. Em 2010, documentos, pinturas e até fotografias pessoais do arquiteto podiam ser comprados a baixo preço num antiquário da Rua Rui Barbosa.


A estação da Lapa, de João Filgueiras Lima – o Lelé -  construída na década de 80, vai ser substituída por um medíocre cubo envidraçado dotado de mais um centro comercial, como se os dois vizinhos não bastassem. A agonia do tradicional comércio de rua não parece incomodar nossos edis.
No apogeu do reinado de João Desastrado Henrique mandavam as empreiteiras. Quem não se lembra da proposta “Salvador Capital Mundial”? Pois elas continuam. 
Resultado de imagem para PROJETO DA ESTAÇÃO DA LAPA DE LELÉ

O cubo da Lapa vai valorizar a área, afirmam. Especulação imobiliária, eterna Gorgona. Mal olha para um bairro, já nascem cem horrendos monstros de concreto a obscurecer as ruas estreitas, infernizando o trânsito. À volta da Lapa existem ilhas de relativa harmonia, como a Mouraria e os Barris. 


Será que os frequentadores da Biblioteca Central e adjacências vão aceitar a derrubada dos pequenos e elegantes imóveis e casas de estilo Art Déco/Bauhaus? Muitos deles tão significativos que mereceriam ser tombados.


A torre Eiffel devia ser derrubada logo após a Exposição Universal de 1889. Felizmente para a história, foi conservada e continua enfeitando o país de 66 milhões de habitantes que recebe 85 milhões de turistas por ano. 

E nós? Será que nunca teremos na Bahia algo similar à Torre Eiffel? Do século XX quais monumentos mais significativos resistirão à especulação imobiliária?

Um comentário:

  1. Isso porque você não viu o desastre, a monstruosidade, a destruição ambiental que, na calada da noite, a equipe do Toninho Motosserra programou para Stella Maris.
    E usou a ingênua e mal informada comunidade local para validar o golpe.

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