terça-feira, 27 de maio de 2014

BEM COMER A BOM PREÇO

Até aqui só consegui ir a dois restaurantes incluídos no “Salvador restaurant Week” e mesmo assim, sem sair do centro histórico. Como este ano é a quarta vez, salvo erro, já dá para a gente analisar os restaurantes envolvidos na interessante proposta.
Existem dois tipos de abordagem por parte dos restauradores.

O primeiro consiste em elaborar um menu mais preocupado com a estreita margem de lucro, já que os preços são pré-definidos  e incluem obrigatoriamente  entrada, prato principal e sobremesa, serviço embutido. Restará pagar bebidas e café, caso queira. No meu caso, confesso não dispensar um bom expresso.

Foi assim que fui, hoje mesmo, com um amigo conhecedor de boa mesa, ao Arcângelo, antigo La Figa, na linda rua das Laranjeiras, a dois passos - para os preguiçosos - do estacionamento. Decoração agradável, vista ampla sobre a cozinha. Mas... Para início de conversa, tive que pedir o menu “Week” já que o garçom trouxera  o cardápio normal. Ponto negativo.  

Com a minúscula salada caprese, os penne (massa industrial, dois tomatinhos cereja e 10 gramas de mussarela) e um tiramissu tão insosso quanto congelado, é evidente que o chefe driblou a proposta e conseguiu lucrar. Mas sem se lembrar que deveria ter usado típicos produtos nordestinos para criar novas ofertas. Fazia parte das condições para participar.                                                                                           
Talvez por ter feito as escolhas erradas, o banal almoço será esquecido antes do fim do dia e demorarei muito até ter vontade de voltar a este estabelecimento.

Outra abordagem: Sábado passado, levei minha amiga marroquina Lâmia – regressando a Casablanca dentro de poucos dias – para almoçar no restaurante do Villa-Bahia, sob a sombra protetora da barroquíssima igreja de São Francisco.

Sala sofisticada sem ostentação e arejado pátio escondido entre plantas tropicais. Uma fonte recita sua oração discreta. Pequenas mesas de madeira, cadeiras confortáveis, louça branca que realça a apresentação do prato escolhido. No meu caso, um gratinado antológico de inhame e banana e um peixe com farofa de castanhas e vinagrete de pupunha fresca. 

Peixe com farofa de castanha e vinagrete de pupunha fresca

Para terminar uma cocada de forno com calda e sorvete de maracujá. Festa para os olhos e o paladar.

Cocada de forno com calda e sorvete de maracujá

É claro que ninguém pode imaginar a mais remota possibilidade de lucro com este menu. É aqui que reside a inteligência do chefe Guto. Ele sabe usar estas duas semanas de gastronomia a bom preço para divulgar a excelência de seu trabalho. O resultado? A freguesia fez fila na porta do restaurante, várias pessoas foram recusadas por falta de espaço e o restaurante terá longa vida na memória dos frequentadores.

Assim é que se trabalha.

Um comentário:

  1. Não dá obviamente para sentir pela foto o sabor, mas a presentação deste prato está uma verdadeira obra prima!

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