sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

DISCURSO

JEAN WILLYS NO AEROPORTO




Dois episódios de aeroporto que compartilho com vocês agora, dada a relevância política de ambos:

Episódio 1

Aeroporto de BSB hoje no meio da tarde, partindo para o Rio

Cruzo com um homem de paletó e gravata com uma Bíblia e alguns panfletos de evangelização nas mãos.

Ele - Deputado Jean Wyllys [pronunciou o nome todo], Jesus te ama!

Eu (apressado) - Obrigado! Xangô também me ama! Buda e Maomé também me amam!

Ele - Deputado, homossexualismo [sic] é uma abominação...

Eu (parando para lhe dar atenção) - As únicas abominações que eu conheço, na vida, são o fanatismo e a ignorância motivada...

Ele (fingindo que não ouviu minha resposta ou simplesmente não entendendo o que eu disse) - O senhor deveria lutar pelo povo, não só pelos gays...

Eu - Ué, os gays não fazem parte do povo? Eu luto pelo povo quando luto pelos gays, pelas lésbicas, pelas travestis, pelas prostitutas, pelos espíritas, umbandistas, candomblecistas, pelas crianças de rua, pela população carcerária, pelos professores, pelos estudantes... Se isso não for povo, você precisa me dizer o que é povo...

Ele (como se não tivesse ouvido o que falei) - Mas o senhor só fala dos gays...

Eu (num tom quase impaciente, afinal estava me atrasando) - Escute, meu senhor, me acusar de "lutar só pelos gays" não é só ignorância e falta de conhecimento sobre meu trabalho, apesar de toda informação sobre ele que eu disponibilizo aos eleitores; é se esforçar pra varrer essa pauta da agenda pública. Mas sua acusação de nada adianta, meu caro. Vou continuar lutando pelos gays, lésbicas, travestis e transexuais na mesma medida e na mesma proporção em que eu luto pelo bem de todas as outras pessoas. Entendeu?

Ele (se fazendo de vitimado) - O senhor deveria ser mais humilde...

Eu - Se "ser humilde" significa não responder à ignorância motivada sobre mim e meu trabalho, eu quero continuar não sendo humilde. E agora me dê licença porque Jesus me ama, mas não vai fazer o avião me esperar... (E segui)

Ele - ...

Dentro do avião, fui abordado por três moças que me disseram, cada uma em seu tempo, em tom cordial, quase carinhoso: "Obrigado por tudo que você faz por nós! Admiro muito seu trabalho".

Eu agradeci e sorri.

Episódio 2

Desembarco no Santos Dumont e dou de cara com um homem alto, branco, forte e com uma garrafa de cerveja na mão; provavelmente à espera de alguém...

Ele - Ih, deputado Jean Wyllys! (tom ameaçador) O bicho vai pegar pra você!

Eu (sem dar muita atenção e já seguindo) - Por que? Não tenho medo de bicho: sou uma bicha!

Mais adiante, sou abordado por um funcionário da limpeza do aeroporto: um homem negro, magro e jovem. Ele me abre um sorriso franco e largo e me diz: "Deputado, o senhor me representa! Deus lhe abençoe".

Agradeci e sorri aliviado.

EU, EU, E EU!

O ESSENCIAL


Dora Kramer

Com todos os senões que se possam enxergar no fato de uma decisão do Supremo Tribunal Federal ser reformulada pelos votos de dois ministros que não participaram do julgamento, contrariando a maioria que acompanhou passo a passo o processo, um dado é fundamental.

O projeto do partido no poder de que os réus, ou pelo menos aqueles do chamado núcleo político, fossem absolvidos de maneira a prevalecer a tese de que o mensalão foi uma farsa, não teve êxito.

A ideia de que uma Corte majoritariamente nomeada por governos do PT poderia se submeter aos interesses do partido não vingou. Do ponto de vista institucional na comparação com outros países em que o Poder Executivo eleito de forma democrática, mas exercido de forma autoritária, o Brasil saiu-se muito bem.

Nessa perspectiva tanto faz se altos dirigentes partidários tenham formado uma quadrilha ou um "concurso de agentes" para o cometimento de crimes.

O importante é o reconhecimento de que os cometeram e que, mesmo poderosos e providos de costas quentes, estão pagando por isso. Não foram declarados inocentes nem se podem dizer vítimas de injustiças. Tiveram todas as chances.

Inclusive a oportunidade de um novo julgamento em instância superior, em tese única. Se o enredo não saiu como previam, deve-se à solidez dos homens e mulheres que não deixaram o Supremo Tribunal Federal se curvar às conveniências do Planalto.

VOCÊ PODE MUDAR O MUNDO


QUADRILHA

FOLIÃO DE LUXO

Foliões gastam até R$ 2,4 mil com segurança particular na festa

O serviço particular não ocorre somente por iniciativa de tietes vips. Os próprios camarotes disponibilizam guarda-costas para convidados
Seguranças particulares acompanham foliãs, entre o camarote e a saída do circuito. Com medo de assaltos e agressões, algumas pessoas têm contratado esse serviço. Há quem critique a prática


De cima da varanda do Camarote Salvador, você, no alto de um salto anabela, shortinho jeans e abadá customizado, consegue enxergá-lo no meio da multidão. Ele atravessa a pipoca cercado de guarda-costas, sem se preocupar com o iPhone no bolso e o Ray Ban que não deixa o cabelo cair na testa. “Uaaau!”, você pensa, achando se tratar de algum global ou um figurão importante. 

ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA DO CARNAVAL 2014

Mas, cuidado! Pode ser, simplesmente, o gerente de banco Bruno Leal, 24 anos. Ele é um dos bacanas que, além de não poupar recursos para sair nos melhores blocos e camarotes, contrata seguranças para acompanhá-lo na folia. 

Turista de Brasília, Bruno vem a Salvador pelo quinto ano seguido. Diferente do que pode parecer, jamais foi assaltado ou agredido na avenida. Mas, se sente ameaçado e incomodado com olhares suspeitos. “O valor do abadá é alto e o pessoal fica de olho, né? Gosto de levar para rua celular, relógio, óculos e, sem segurança, não dá. Antes, eu não podia sair do bloco que ouvia: ‘playboy aqui não passa’”, conta Bruno, que contrata seguranças desde 2012.

O serviço particular não ocorre somente por iniciativa de tietes vips. Os próprios camarotes disponibilizam guarda-costas para convidados. Ajudam a atravessar as multidões que eles consideram perigosas. Normalmente, deixam os clientes em um táxi ou na porta de hotéis e apartamentos alugados nas proximidades dos circuitos.

Este ano, Bruno e um amigo vão curtir seis dias de folia, sendo cinco com o Chiclete com Banana e um com a Timbalada. Em todos, sairá do bloco direto para um dos três camarotes que vai frequentar – Contigo, Expresso 2222 e Camarote Salvador. Os dois seguranças que contratou vão acompanhá-lo entre um ponto e outro. Esperam do lado de fora do camarote até o instante que os clientes resolvem ir embora. Aí, ajudam no deslocamento até o lugar em que ficarão hospedados, na Vitória.

“E, mesmo na rua, quando saio com o Chiclete, sempre tem um segurança do bloco que fica exclusivo, seguindo a gente”, revela. Mas, então, os guarda-costas atrapalham os clientes? Na verdade, eles agregam valor à pegação na festa. “Quando o cara chega acompanhado de segurança, as meninas pensam logo que é artista, que é global. Não gosto de usar esse recurso. A não ser que seja muito gata”, conta. Cada guarda-costas cobra R$ 100 por dia. Isso quer dizer que Bruno vai gastar R$ 1,2 mil com segurança particular no Carnaval.

gangues  Seu xará, o publicitário baiano Bruno Mendes, 30, desembolsará o dobro. Em quatro dias de curtição, vai contratar dois seguranças para ele e a esposa a R$ 300 por dia, cada. Nos últimos anos, decidiu aderir ao serviço porque foi roubado. “Na época, eu saía com um grupo de amigos e, na saída de um camarote, tive a carteira e o celular roubados. Daí pra frente...”.

Dessa vez, Bruno vai para os camarotes Harém, Schin e Ronaldinho Gaúcho. “O cara fica visado, não tem jeito. Quero evitar confusão”, explica ele, citando até nomes de gangues que, segundo diz, atuam na festa para roubar e agredir. “O pessoal da segurança já tem a experiência, já conhece onde ficam a gangue da Cyclone, a gangue da Mahalo”.
‘A gente tem que defender, mesmo errados’, diz segurança
Apesar de faturar com esse novo filão que o Carnaval  proporciona, os seguranças garantem que não é fácil cumprir esse papel. Às vezes, são os próprios clientes que procuram confusão, segundo o guarda-costas Gabriel dos Santos, 42 anos. “A maioria das situações que encontramos nesse caso é a briga. Muitas vezes são os nossos clientes que provocam. Mas, não tem jeito, a gente tem que defender, mesmo eles estando errados. Somos pagos para isso”, explica.

As noites costumam ser tensas. Envolvem brigas na pipoca, discussões sobre a entrada dos seguranças particulares nos camarotes e complicações com outros seguranças. “O cara que paga R$ 800, R$ 1 mil em uma noite no camarote acha que pode tudo. Muitos clientes passam dos limites, mexem com a mulher dos outros, mas a gente está ali pra proteger eles. Infelizmente, temos que compactuar”, admite. 

Importante destacar que, se você for contratar esses serviços, opte por profissionais cadastrados e que tenham curso na Polícia Federal. “Essa é uma área que está se prostituindo muito. Gente sem condições, cobrando R$ 50 por noite. Tem que haver fiscalização”, pede Gabriel. Segundo o Sindicato das Empresas de Segurança Privada da Bahia (Sindesp), o efetivo de seguranças no estado já é três vezes maior que o da PM.

‘Não somos canibais’, critica pesquisador da Ufba
Em entrevista ao repórter Rafael Rodrigues, publicada no CORREIO na segunda-feira, o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Paulo Miguez, doutor em Comunicação e Cultura, considerou “desagradável” e até “tenebroso” o fenômeno de contratação de seguranças para turistas e convidados de camarotes.

Na sua opinião, isso deve resumir-se a iniciativas particulares e jamais ser uma demanda na organização do circuito. “Não tenha dúvida que os turistas são um elemento importante da cena carnavalesca, mas você não pode organizar um circuito exclusivamente para atender o interesse do pessoal que vem de fora”, defende. E completa: “Nada é mais desagradável a nós baianos quando assistimos aquela coisa tenebrosa de seguranças vestidos de terno preto – não consigo entender isso em uma cidade tropical – com aquele corredor polonês protegendo os turistas no deslocamento do hotel para os camarotes e do hotel para o bloco, como se fôssemos canibais ali, à volta”. Para Miguez, garantir corredores especiais para que esses foliões mais abastados se desloquem “não faz sentido”.

O estudioso observa que essa iniciativa é de turistas brasileiros. “São jovens de classe média do Sul e Sudeste que vêm pra cá. Se você pegar os turistas de alguns países da América Latina e da Europa, eles querem experimentar no Carnaval aquilo que para eles é impossível experimentar fora daqui, que é o fato de estar na multidão, de conviver”. Em seu entendimento, o preço de se estar no Carnaval da Bahia é estar junto. “Existe uma ciência que estuda a distância entre dois corpos em comunicação. Entre nós baianos a distância é mínima, é quase inexistente. É por isso que nós somos a civilização da pegação”, conclui.

MUSEU DO AZULEJO

O MUSEU DO AZULEJO (UDO KNOFF) 
NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR 
NÃO PODE SER CONSIDERADO 
UMA REFERÊNCIA NO ASSUNTO.
 A CIDADE DE MONTEVIDÉU NOS DÁ UMA AULA 
DE MUSEOLOGIA, EMBORA URUGUAI 
NÃO TENHA UM PATRIMÔNIO 
DA IMPORTÂNCIA DA BAHIA


COM A IMPRESSORA QUEBRADA...

...Saltur só libera metade das credenciais 

de imprensa do Carnaval

BAHIA NOTÍCIAS
Com impressora quebrada, Saltur só libera metade das credenciais de imprensa do Carnaval

Das três mil credenciais solicitadas por veículos de imprensa do mundo todo, interessados em cobrir o Carnaval de Salvador, só 1,5 mil estão disponíveis no espaço montado pela prefeitura, no Corredor da Vitória, para atender a repórteres. 
Na tarde desta quinta-feira (27), segundo dia da folia, jornalistas se aglomeram em frente à estrutura, sem previsão para recebimento da autorização, exigida pela gestão municipal a empresas dedicadas à divulgação de informações relacionadas à festa. 
A responsabilidade sobre a produção das credenciais é da Empresa de Turismo de Salvador (Saltur), mas, segundo apuração do Bahia Notícias, um defeito na impressora-matriz da sede da autarquia, no Dique do Tororó, impediu a tiragem de metade dos documentos. 
Por conta do problema, a prefeitura chegou a cogitar a hipótese de contratar uma gráfica para realizar o serviço, proposta recusada pela Saltur. 
A administração municipal deve fornecer adesivos a serem colados nos crachás dos profissionais.

MACUMBA

INACEITÁVEL!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

MORAES FORA DO CARNAVAL

MORAES ESTÁ FORA DO CARNAVAL DE SALVADOR E NÃO SE APRESENTA HOJE

BLOG EL CABONG
moraesmoreira2Quem se programou para ver o trio de Moraes Moreira no Carnaval de Salvador pode mudar de planos. O primeiro cantor de trios elétricos não vai mais se apresentar na festa. A decisão foi tomada ontem, depois do descumprimento de um acordo entre o músico e a Bahiatursa. “Acho que eu merecia mais atenção. A turma da pipoca estava me esperando. Deixo aqui meu protesto”, disse Moraes em entrevista por telefone direto do Rio de Janeiro, onde mora, ao el Cabong.
Segundo Moraes, havia um acordo dele com a Saltur, Empresa de Turismo de Salvador, e a Bahiatursa, órgão de turismo do governo da Bahia. Cada uma das empresas públicas entraria com uma parte dos recursos que viabilizaria sua única apresentação hoje  (27/02) no circuito Dodô, Barra/ Ondina. O artista teria conseguido um trio elétrico e parte dos recursos, que inclui passagem, hospedagem, alimentação e cachê para ele e seus músicos, com a Saltur. A Bahiatursa entraria com a outra parte. A história teria virado, no entanto, uma disputa política.
Em cima da hora, ainda segundo ele, Moraes teria recebido um telefonema da Bahiatursa afirmando que a empresa não disponibilizaria mais os recursos caso o trio da apresentação fosse o da Saltur. O órgão teria oferecido um outro trio, mas Moraes não aceitou. “A partir do momento que a Bahiatura soube que eu ia sair no trio da Saltur retirou o apoio, alegando que era ano eleitoral. Mas eu já estava certo em sair no trio da Saltur que é o que saio há muitos anos. Eles politizaram o carnaval”, disse o cantor.
Muito triste por não poder se apresentar mais na festa, Moraes lamentou. “Todo mundo sabe que faço o Carnaval de Salvador muito mais por amor. São essas coisas da política que não concordo, são atitudes primitivas. Não acredito que isso vai influenciar em nada no resultado da eleição. Normalmente os artistas ficam pedindo aqui e ali. Eu, a essa altura de minha vida, depois de 40 carnavais e de um serviço prestado ao Carnaval, não tenho condições e saco pra ficar pedindo. Por isso decidimos cancelar. Só pedimos desculpas ao povo da Bahia. Não tem volta, já era. Já desmobilizamos a banda, inclusive. Lamento muito, mas a gente precisa começar a não aceitar certas coisas”, desabafou.
A Bahiatursa soltou uma nota oficial (que você lê abaixo) e em matéria do portal Terra, o presidente da empresa, Fernando Ferrero, deu sua versão. “Eu tenho comigo o ofício que o empresário de Moraes nos enviou na semana passada, solicitando um apoio de R$ 50 mil para tocar no Carnaval da Bahia, mesma quantia com que apoiamos Moraes no ano passado para tocar no nosso trio elétrico”, começa Ferrero. “Acolhemos de bom grado o pedido, reservamos um dos trios elétricos que licitamos, nos comprometemos a dar o cachê pedido e disponibilizamos para ele a possibilidade de escolha de dia. Quando, neste último final de semana, fomos informados de que ele não podia tocar naquele trio, nem naquela data, porque já havia se comprometido com a Saltur de tocar na quinta de Carnaval no trio deles, na Barra, com o cachê de 70 mil”.
Na matéria, Ferrero explica também que foi procurado pelo empresário de Moraes Moreira com a proposta de que a Bahiatursa complementasse o cachê com os R$ 50 mil já propostos, para que perfizesse a quantia de R$ 120 mil, o que seria ilegal se feito assim. “Eu não posso dar dinheiro do Estado para ele tocar no trio da Saltur, e ainda recebendo dois cachês, não é assim que se faz as coisas. O trâmite correto seria a Saltur procurar a Bahiatursa para firmar um convênio de cooperação técnico-financeiro, para, assim, complementar o cachê dele. O documento que eu tenho emitido por seu empresário só me pedia trio e cachê, não contemplava mais nada além disso”.
O dirigente completou refutando as acusações ditas pelo cantor aqui no el Cabong:  ”Declarar que estamos politizando o Carnaval é balela. Estamos nos dando muito bem com a Saltur, ajudando o máximo que podemos a realização do Carnaval de Salvador, que é a cidade que mais recebe recursos. Ele quer jogar nas costas do Estado um compromisso que ele não teve. Se ele tivesse pedido, desde o início, um cachê de R$ 120 mil, teríamos dito que não poderíamos arcar com isso, já que nossa dotação para investir no Carnaval 2014 em todo Estado é de R$ 32 milhões. O empresário dele não deve entender como funciona o uso do dinheiro público. O dinheiro é para o Carnaval, mas tem que ser empregado dentro da legalidade.”
Moraes segue agora sua agenda de shows no Carnaval, se apresentando em Recife, Natal e Curitiba.
Leia na íntegra a carta enviada pela Bahiatursa à imprensa:
ESCLARECIMENTO À IMPRENSA
Cancelamento apresentação de Moraes Moreira no Carnaval
A Bahiatursa informa que tentou até o último momento contratar o cantor e compositor Moraes Moreira para apresentação no Carnaval de Salvador. Como o artista já tinha acordo com a Prefeitura Municipal do Salvador para apresentação nesta quinta-feira, 27, a Bahiatursa ofereceu contratá-lo para outro dia da festa, mas a proposta foi recusada pelo mesmo, que alegou ter apresentações marcadas fora do Estado.
A Bahiatursa não recebeu nenhuma proposta de convênio da Prefeitura Municipal no sentido de dividir os custos de apresentação do artista nesta quinta-feira, única forma legal de um serviço ter duas fontes de pagamento. O único convênio firmado entre a Bahiatursa e a Prefeitura de Salvador envolve o apoio aos carnavais dos bairros, no valor de R$ 1.020 milhão, além do contrato de patrocínio à festa de R$ 3.150 milhões.

PACO DE LÚCIA. CONCERTO EM PULA-CROÁCIA (2006)

O MUNDO ACABA DE PERDER UM GRANDE MÚSICO

MORAES MOREIRA E O FRACASSO DO CARNAVAL EM SALVADOR

Morais Moreira cropped.jpg


Moraes Moreira não sairá, esse ano, no carnaval de Salvador. Quando ele comemora 40 anos de carnaval, não haverá seu trio na cidade, e suas apresentações serão em Recife, Natal e Curitiba.
Para mim, Moraes Moreira é o maior compositor de carnaval de todos os tempos. Perdoem-me os nostálgicos defensores das marchinhas, mas as letras, melodias, modulações de Moraes sempre foram sofisticadas e populares, ao mesmo tempo. Entre o surrealismo fantástico da festa e as imagens poéticas e políticas.
Segundo o próprio, num depoimento ao site El cabong, uma disputazinha estúpida da Bahiatursa com a Saltur fez a primeira retirar sua metade do patrocínio, impossibilitando a saída do trio de Moraes Moreira, que abriria o carnaval hoje, à noite.
Eu já havia me programado: aliás, era a única certeza que tinha esse carnaval. Mesmo na pobreza de um dia só de carnaval – ele e Salvador mereciam ao menos uns três dias –, acho que simbolicamente seria essencial a presença de Moraes Moreira nas ruas da cidade; ainda mais sendo seus quarenta anos de carnaval. Curiosamente, para a Agenda Cultural do mesmo Governo que, através da Bahiatursa, parece ter inviabilizado a saída dele, eu já havia cantado a bola, falando da vergonha que seria para a Bahia, algo assim; como pode-se ver na imagem acima.
Essa estupidez política, na verdade, não traduz somente um desrespeito à história de Moraes: é um reflexo do que vimos fazendo com nosso carnaval desde que ele foi alimentado e se alimentou da indústria do “Axé”.
O carnaval de Salvador passou a ser considerado um sucesso quando camarotes, blocos, hotéis e voos estão lotados, quando as estrelas do “Axé” estão nos principais programas de televisão e dominando rádios e grades de festivais pelo país, quando o patrocínio de cervejarias é imenso e monopolizante, como foi o caso desse ano, onde duas cervejarias lotearam o carnaval, transformando a via pública em pista de dança privada.
Entretanto, quem ganha com esse sucesso do carnaval? Os empresários e artistas do “Axé”. Os governos se desdobram em busca de patrocínios e organização para preparar a cidade para a indústria dos camarotes e blocos, para os milionários cantores, cantoras e bandas.
Para que os blocos afro, os artistas de menos projeção e o folião pipoca sejam contemplados, ações paralelas – já, de antemão, anunciadas como “alternativas”(expressão que detesto), “culturais”, “tradicionais”, ou qualquer outra denominação demagógica – são realizadas com um custo bem menor, alegrando uma parte da população que não alimenta a indústria do “Axé”.
Moraes Moreira não faz falta a essa indústria. Suas novas canções não furam o bloqueio de jabás de máfias de rádios, gravadoras e empresários. O carnaval que é computado como sucesso não precisa, não quer e não se interessa por Moraes Moreira, como não se interessa pelo que de melhor nós temos em Salvador: os blocos afro, Lazzo, Gerônimo, Moraes, Baiana System, Três na Folia, Bailinho de Quinta, Luiz Caldas; a lista é imensa.
O curioso é que basta sair na pipoca de alguns desses artistas para ver uma multidão cantando e dançando. O Baiana System levantou o Fantoches, num dos ensaios de Luiz Caldas, com todos entoando suas canções, que conheciam de trás pra frente, mas não toca na rádio, não aparece na TV. Há uma barreira intransponível que exclui dos grandes meios de comunicação o que de melhor produzimos.
O sucesso do carnaval, para os governantes – e isso vê-se pelas cifras divulgadas depois – é o sucesso dos empresários. Diz-se que o carnaval da cidade foi um fracasso quando hotéis, blocos e camarotes venderam pouco. Quando os artistas que dominam palcos, mídias e cachês, em Salvador, apareceram pouco na TV, tocaram menos na rádio. São, em sua maioria, TVs, empresas, empresários, artistas do “Axé”, governantes, um grande emaranhado de vampiros do erário e aproveitadores de uma festa popular, que ficam se locupletando de uma exploração quase colonial, na província que somos; como evidenciei em outro artigo, aqui no site: “Salvador: política, carnaval, futebol e a falência da província”.
Se o carnaval fosse pensado pro povo, e se os governantes estivessem preocupados com nossa cultura, tradição e reinvenção que pulula de forma intensa na cidade, focariam a organização do carnaval nessa dualidade tradição e modernidade, e garantiriam, obrigatoriamente, a participação de nomes como o de Moraes Moreira, o de Armandinho, tentariam resgatar nomes como o de Caetano Veloso, e fortaleceriam artistas que sedimentaram nossa música, como Lazzo, Gerônimo e Luiz Caldas, ao passo que fariam explodir os novos nomes, como Baiana System, Márcia Castro, Três na Folia, com destaque total em cima de trios elétricos, todos muito bem produzidos e com excelente som, em horários nobres dos dois circuitos, para o Brasil inteiro ver a qualidade, diversidade e beleza do que fazemos.
O que muitos parecem não perceber é que gasta-se muito para dar destaque a quem já tem, a quem já manda, a quem já entupiu o rabo de dinheiro e assim quer continuar; o que não é crime nenhum, boa deles, mas não se pode descobrir um santo pra cobrir outro (e de santo ninguém tem nada, nessa história…). Tenho plena convicção que se o governo resolvesse investir somente nos trios sem corda e nos blocos de tradição, como Filhos de Gandhi, Apaches, Ilê Aiyê, etc.; se o governo – tanto municipal quanto estadual – investisse numa melhor estrutura e melhor suporte à Mudança do Garcia, se concentrasse suas forças numa melhor organização para a limpeza, transporte, conforto e segurança do cidadão daqui, não precisaria de milhões e mais milhões. O carnaval poderia ser descentralizado, diversificado, e não haveria aquela multidão socada entre cordas e mais cordas: o enforcamento de nossa liberdade.
Talvez, a solução do carnaval fosse seu fracasso empresarial e financeiro. Quando estrelas e empresários tivessem que se virar com seus blocos e circuitos, com suas divulgações e patrocínios, quando a estrutura predatória do carnaval “comercial” fosse abalada, talvez o que de melhor nós temos pudesse aflorar. A ameaça da greve da polícia, ano passado, me propiciou o carnaval mais tranquilo e delicioso que já passei aqui em Salvador. Blocos e camarotes mais vazios, menos muvuca, mais espaço e alegria.
Tenho plena convicção que um carnaval sem cordas, com grandes artistas tradicionais e revelações de nossa música fazendo a folia, com uma estrutura organizada, com desfiles no horário nobre para a TV, com blocos tradicionais em destaque, tudo isso retomaria um carnaval que existe, é maravilhoso, mas fica encoberto pelo que os grandes patrocínios, TVs, governos e empresários querem, se locupletam e se aproveitam. Com isso, atrairíamos para a cidade não o folião de uma semana, mas pessoas que se interessariam por nossa cultura, nossa riqueza, e acabariam por ser seduzidas por muita mais que uma festa de sete dias.
Contudo, o que temos pra hoje é que Moraes Moreira não vai sair na comemoração de seus quarenta carnavais, em Salvador, por conta de uma provável disputazinha política entre Bahiatursa e Saltur. Para todos que vêm para Salvador gastar os tubos em hotéis, camarotes, blocos, pra ficar se chupando nos circuitos, se acabando de beber e enchendo o rabo de empresários, Moraes é quase um bicho exótico, aquele velhinho que quando passa é hora de ir pra pista da boate ou levantar os dedinhos como se fosse uma fanfarra. Assim como o é o Baiana System, com seus sucessos de gueto, pois é ao gueto que se empurra o que de melhor se faz nessa cidade. São tribos marginais, que fazem o melhor e menos reconhecido, menos patrocinado.
Claro que os governos estão sempre atentos a pagar o dízimo da cultura. Criam projetos onde os artistas “alternativos”, “independentes” (leia-se: marginalizados pela força da grana que ergue e destrói coisas belas), tocam, abrem apresentações, são os projetos especiais, as aberturas, os encontros, diversas ações que são marginais ao que realmente importa às empresas e à grande mídia.
Salvador tem o melhor carnaval do mundo, pra mim. É aqui onde, anualmente, novos ritmos, sonoridades, composições e artistas despontam enriquecendo a cultura do país. Temos a tradição, sempre, aliada à inventividade. Não paramos. Estamos sempre nos reinventando.
Entretanto, não é essa a imagem que é vendida do nosso carnaval. Vende-se a segregação das cordas, a música pasteurizada, os camarotes caros e sem graça, tudo isso televisionado, alimentando uma indústria predatória que usa o erário para encher o rabo de dinheiro nessa semana de folia. Dívidas de impostos vão correndo soltas, nenhum benefício pra cidade é deixado, e os que deveriam ser protagonistas – o povo de Salvador e seus grandes artistas – deixam de ser prioridade para que a indústria se alimente e as notícias tendenciosas façam a gente acreditar que Salvador lucrou muito.
Mentira. Salvador não lucra com o carnaval. Os grandes artistas mendigam pra tocar, e muitos são putas do sistema, calam-se à espera de receber seu dízimo da folia. A cidade termina fedida, acabada e desorganizada, como se um furacão devastador destruísse tudo. O comércio para, não vende nada, os bares e restaurantes ficam às moscas, artistas que não trabalham com música têm suas férias forçadas, enfim, faz-se uma festa em que poucos lucram, com a vinda de turistas que não deixam dinheiro na cidade, pois vêm para cá em busca da putaria, da cachaça e da festa durante os dias de folia, largando suas finanças entre hotéis, blocos e camarotes, apenas, depois vão embora sem saber os sabores reais da cidade.
Realmente, numa festa assim Moraes Moreira não cabe. Não toca. Ele que vá comemorar seus 40 carnavais em Recife, Natal e Curitiba. Porque, afinal, o carnaval de Salvador é uma festa privada, para a qual ele não foi convidado, e não vai fazer falta nenhuma, pois “se a gente com o trio não pula / a culpa é de quem manipula / e não pula o carnaval”.
Disse, no artigo que já citei acima, que “Salvador decretou sua desgraça, sua ruína e sua sina de ser uma cidade fracassada quando derrubaram a Igreja da Sé pra passar uma linha de bonde”. A cidade também decreta sua desgraça quando Moraes Moreira é alijado pelos podres poderes. Simbolicamente, esse alijamento é bem maior que a figura de Moraes. É a imagem concreta de que tudo está errado na forma como se faz o carnaval aqui.
Amo as ruas e a folia mais que a estupidez de governantes e empresários. Mesmo com monopólio de cervejas no circuito, mesmo com a imensa vergonha que fico em ser baiano com a história de Moraes e tudo mais, mesmo com toda uma estrutura armada para os de sempre ganharem muito e os outros receberem seu calaboca, ainda assim vou tentar pular meu carnaval, afinal:
“Nossa dor, meu amor / é que balança, nossa dor, / o chão da praça”.
gil vicente tavares


FORMAÇÃO DE QUADRILHA

VERTICALIDADE

Não, o post não é sobre igrejas mais altas do que largas; é sobre algo muuuuito mais legal! Trata-se da série de fotos panorâmicas de Richard Silver intitulada Vertical Churches! Com sua câmera ele faz entre 6 e 10 fotografias que depois, utilizando softwares como o Lightroom e o Photoshop, garantem uma única e espetacular imagem vertical com 180° dos mais belos templos do mundo. A ideia começou tímida e depois foi ganhando corpo. Hoje, estes locais de adoração são lindamente documentados, oferecendo as pessoas uma visualização de tirar o fôlego da arquitetura e dos interiores cheios de detalhes. A seguir você pode ver algumas das incríveis perspectivas que Richard têm conseguido registrar. Para ver mais e saber os nomes das igrejas, clique no link para o site do fotógrafo ao fim do post. Amém! "Verticalmente legaus"!

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