quinta-feira, 2 de maio de 2013

ÍNTIMOS CAMINHOS



Florisvaldo Mattos
 
"Não sei para onde vou / - Sei que não vou por aí!"
                         (José Régio: Cântico negro", in Poemas de Deus e do Diabo, 1925)


Não. Nada de penhascos irreais,
Tampouco de florestas invisíveis!
Por aqui tudo fala à sensação;
Ao olhar, ao aroma, à língua, ao tato,
Ao som. Feliz de quem os tem. Ó vós,
Que ditais pelos montes de onde venho,
Por trás de sombras como que vazias?
Enquanto me desfaço de meus fardos
Ancestrais, meu cabedal de fadigas,
Lábios trazem clarões de frescas auras,
Meus pés sibilam sobre sendas rudes,
Mas com promessa de horizontes novos.
Se me pedes que siga o teu caminho,
Descansa. Sei que não vou por aí!

SSA/BA, 1º de maio de 2013

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