domingo, 21 de abril de 2013

Reflexões dominicais sobre a política nacional


João Carlos Rodrigues


joão carlos rodrigues*

Existem atualmente no Brasil dois movimentos que podemos verdadeiramente chamar de direita. Os ruralistas e os evangélicos. O primeiro, composto em sua maioria por empresários do florescente agronegócio, faz oposição ao governo. O segundo, que emerge das classes desfavorecidas com graves traços de intolerância, são mais divididos, mas em geral estão na base do governo. 

Ruralistas tem muito dinheiro. Evangélicos pentecostais tem muitos eleitores. Cerca de 30%, desempatam qualquer eleição. Se e quando essas duas forças se unirem, teremos um movimento de direita com base popular e financiamento farto. Isso não acontece desde os anos 1930 quando surgiu a Ação Integralista, mas esta, então favorecida pela ala conservadora majoritária da igreja católica, tinha um grande embasamento intelectual, o que ainda falta à essa nova direita nacional. O ideólogo carismático da Reação. 

É importante e me parece também grave. Se conseguirem atrair aquela parcela oportunista para a qual “há governo? sou a favor!”que atualmente gravita em torno da administração Dilma Roussef , e eventualmente ganhar uma eleição, não será nada bom para o país. O trabalho preparatório está sendo realizado sem perceber pelo atual governo, que por um lado cede aos conservadores e corruptos para manter a governabilidade (desmerecendo ainda mais o Congresso, já pouco representativo pela falta do voto distrital puro em dois escrutínios), mas por outro incita a luta de classes (nordestinos contra sulistas, pretos contra brancos, empregados contra patrões). Me parece uma contradição que um governo cuja base de apoio inclui Sarney, Barbalho, Kassab, Collor, Renan, bispo Macedo, os irmãos Gomes e Serginho Cabral (entre outros) ainda se considere e seja considerado progressista. Este sonho já acabou. Está na hora de acordar.

Se o caos for instaurado com a perda do controle da inflação (o que parece que já começou), a direita ganhará, infelizmente. E quando falo direita não estou falando no PSDB nem mesmo no DEM, social-democratas e liberais, mas de uma coalizão ruralistas + evangélicos. Algo nunca visto antes por essas plagas.

Não estou apoiando nenhum partido ou candidato. Apenas observando. Tudo sempre pode ficar pior do que já está. Olho vivo, antes que seja tarde.


*pesquisador e membro do conselho editorial 
da revista Filme Cultura do Centro Técnico Audiovisual 

Um comentário:

  1. Dimitri. Concordo com o articulista,em gênero,numero,grau e caso.
    CLIMERIO ANDRADE

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