terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA PEDE SOCORRO!





Não é sedutora esta vista romântica e atemporal? 
Lhe convido a conhecer as seduções, 
mas também os dramas quotidianos 
do Arquivo Público da Bahia.


Para início de conversa, a escolha da Quinta do Tanque para abrigar o Arquivo Público, hoje sob a batuta da Fundação Pedro Calmon, não podia ser mais errada, pelo simples fato do belíssimo edifício do século XVIII ter sido construído numa bacia. Rodeado de morros, recebe as águas de todas as chuvas, conservando uma inadequada umidade durante o ano inteiro, agravado pela ameaça de deslizamento de encostas, como ocorreu há pouco tempo.

Infelizmente lhe será difícil desfrutar sem restrição da vista de tão elegante edifício, já que as autoridades – Prefeitura? Iphan? Ipac? – nunca fiscalizaram o entorno da Quinta e hoje, quem chega é logo agredido pela poluição visual de construções mal equilibradas e sem acabamentos que dominam os antigos telhados pombalinos. Ora, é de conhecimento de todos os que estão envolvidos com patrimônio material, que o entorno faz parte de qualquer monumento tombado. Ou você acha que, junto ao sitio do Machu Pichu ou em Veneza, iriam permitir um espigão ou uma favela?


Desde o dia 10 de fevereiro de 2010, as arcadas que formam o pátio, com discreto toque francês, são palco de uma curiosa animação. São funcionários da casa que trabalham na restauração e conservação dos preciosos livros e documentos. Por que fora das salas especialmente concebidas para esta tarefa? Por que foi neste dia que faltou eletricidade na maior parte do solar e até hoje o problema não foi solucionado. 
Já se passaram três anos...


Quem passeia na agradável sombra do corredor externo, ao levantar os olhos, poderá constatar enormes buracos, abertos, supõe-se, por profissionais cientes da complexidade da intervenção, com o lógico acompanhamento de responsáveis.


Não havia possibilidade de outras soluções?
A imprensa nacional já denunciou este escabroso abandono. Não devemos esquecer que nestes muros, grande parte da memória do Brasil está conservada, com enormes dificuldades, por uns 40 funcionários - contando efetivos, ou seja, funcionários públicos, mais os estagiários e outros - dedicados e entristecidos. Aqui podem consultar preciosidades como o conjunto documental do Tribunal da Relação do Estado do Brasil, atual Tribunal de Justiça. Só nesta coleção estão reunidos cerca de 60.000 documentos produzidos entre 1652 e 1822, como termos de posse de desembargadores, processos e sentenças judiciais. A partir desses registros, os pesquisadores têm reconstituído aspectos de nossa burocracia e da sociedade colonial.

QUAL O SECRETÁRIO OU MINISTRO DA CULTURA IRÁ ACORDAR PARA IMPEDIR ESTE DESASTRE?


Nesta matéria, informações importantes 
sobre um prédio ideal para arquivos 

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/quase-uma-caixa-forte


Leitores escrevem:

V.S. está carregado de razão. Existem muitas outras coisas carentes de preservação da memória, na Bahia.
Derrubam prédios antigos, em desrespeito aos que os projetaram e construíram, dando um  pouco de seu ser, imaginação e suor, para concretizar a obra. Em outros casos desaparecem os documentos das obras de represamento de águas em vários locais na região do Recôncavo.
Um belo exemplo de preservação está no Museu Carlos Costa Pinto, resíduo do que foi a avenida Sete de Setembro. Mas que existe graças á iniciativa privada.

Porque não usam a experiência de outros países que souberam como preservar a memória?

Em Atenas, no bairro de Placa, o centro antigo depois da velha civilização dos filósofos, quem preserva as construções fica isenta dos impostos. Assim, passeia-se pela antiguidade com todo seu comércio e moradores, que cuidam de preservar esse patrimônio.

Em Boston, (Massachusetts) nos Estado Unidos, o centro colonial teve as fachadas reservadas assim como os postes para iluminação a gás, hoje com uma lâmpada elétrica no interior. Estão preservadas todas as fachadas, mas tiveram a ideia de construir prédios comerciais e residenciais e mais prédios garagens. O movimento é intenso, mas não existem carros estacionados nas ruas. Um bom exemplo para uso na preservação de nossa cidade Baixa, entre a Conceição da Praia e os Arcos, antes de e no rumo da avenida Frederico Pontes. Imagina o sucesso de uma preservação desse estilo e tipo na apreciação dos turistas que aqui chegam de navio ou em outro meio de transporte! Além do entorno da igreja do Bomfim e as mansões dos séculos XVII e XIX lá construídos.

Um abraço
Sylvio de Queirós Mattoso
Engenheiro de minas e metalurgista (1953)

CURIOSAMENTE, O DIA APÓS ESTA DENÚNCIA, O ARQUIVO RECEBEU A VISITA DE UMA COMISSÃO DE RESPONSÁVEIS E, NO DIA 10...


Os secretários estaduais Rui Costa (Casa Civil) e Albino Rubim (Cultura) definiram nesta quinta-feira (10), com o superintendente do escritório regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC), Carlos Amorim, os encaminhamentos necessários para dar agilidade às intervenções estruturantes no Arquivo Público do Estado da Bahia, em Salvador.
Durante visita ao Arquivo, foi acordada como primeira intervenção a ser realizada, a adequação do projeto de requalificação do sistema elétrico. “O projeto elétrico é o ponto prioritário, seguido da intervenção no telhado e forro do prédio”, disse o secretário Rui Costa.
Para as obras na parte elétrica estão sendo investidos R$ 843 mil em recursos estaduais. Já para o restauro do telhado, além da estabilização da estrutura física, o valor do investimento é de cerca de R$ 1,3 milhão, proveniente de empréstimo junto à Caixa Econômica. O encontro abordou ainda o projeto geral da parte física do empreendimento, além da interação com a vizinhança. 
A reunião contou com a presença da diretora do Arquivo Público da Bahia, Maria Teresa Matos, a chefe de gabinete da Fundação Pedro Calmon, Andrea Montenegro, o diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Frederico Mendonça, além de representante da Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab), responsável pelas obras.
O Arquivo Público é considerado, pelo Arquivo Nacional, a segunda mais importante instituição arquivística do país. O patrimônio documental custodiado ultrapassa os 25 quilômetros. Dois itens do seu acervo documental receberam registro como Memória do Mundo pela Unesco - o conjunto documental do ‘Tribunal da Relação do Estado do Brasil e da Bahia (1652-1822)’ e o conjunto documental ‘Registros de entrada de passageiros no porto de Salvador (Bahia): 1855-1964’. Esses títulos confirmam o valor excepcional do Arquivo para a memória nacional.

 CLARO QUE É MERA COINCIDÊNCIA!

2 comentários:

  1. Caro Dimitri,
    mais uma vês mostrando o que muitos querem esconder!

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  2. O Arquivo Público da cidade de Cachoeira, no Recôncavo dá vontade de chorar ao entrar nele. Aliás está proibida a entrada dos alunos da UFRB nele!

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