quarta-feira, 28 de março de 2012

DE GETÚLIO A LULA...

... a ácida avaliação de Millôr sobre os principais presidentes do Brasil
por Mauricio Stycer
Em 1938, Millôr entrou pela primeira vez em uma revista, “O Cruzeiro”, então como contínuo. Nunca mais largou a imprensa. Foram 65 anos de atividade, nas principais publicações do país. Disse certa vez uma frase perfeita sobre o papel da mídia: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

Em 2003, quando não comemorava os seus 80 anos (“Tenho o direito de não comemorar o meu aniversário. Ou comemorar quando eu quiser”), tive a oportunidade de encontrá-lo em seu escritório, em Ipanema.
Ouvi-o por mais de duas horas para uma reportagem que foi publicada na revista “CartaCapital”, em 8 de outubro daquele ano.
Entre os inúmeros assuntos que conversamos, ao falar de política Millôr mostrou, na prática, como entendia o papel do jornalista. Não perdoou ninguém. Veja um resumo das suas declarações:

Getúlio Vargas: “Getúlio hoje é visto como um governante progressista. Foi, no mínimo, um filho da puta. Foi o cara que entregou a Olga Benário. Filinto Müller, chefe de polícia dele, torturou  gente. Esse é o lado sentimental. Mas ele fez um grande projeto? Quando fez Volta Redonda, ele trocou aquilo por apoio na guerra, mas achei que ele podia ter tirado muito mais”.

Juscelino Kubitschek: “Como é que se faz uma cidade em cinco anos num Estado democrático? Corrompendo todo mundo, é evidente. Uma corrupção avassaladora. O dinheiro que se gastou lá… Outra coisa: não vejo estrada de ferro no Brasil. Não tem uma estrada de ferro daqui para São Paulo! Trem pra Brasília. Acho ele um atraso. Você acha que a revolução demoraria 15 anos se a capital fosse no Rio de Janeiro?”.

Jânio Quadros: “Jânio, aquele maluco. Não deu nem para ver. Em princípio, eu tinha simpatia pela maluquice dele… Esse eu cheguei a conhecer vagamente, por causa do José Aparecido de Oliveira, que era secretário dele. Ele mandou a peça (“Os Órfãos de Jânio“) para o Jânio, sem eu saber. E ele disse para o Aparecido: ‘Este Millôr é um gênio, e não vamos discutir a obra dele’.”

João Goulart: “Conheci o Jango em boates, com aquela perninha puxando, comendo aquelas mulheres… Medíocre! De repente, ele virou líder da esquerda. Eu escrevi: ‘Foi o único presidente da República que, quando foi deposto, fugiu para a capital’. Pegou a mala e foi pra lá.”.

José Sarney: “Não tendo no cérebro os dois bits mínimos para orientá-lo na concordância entre sujeito e verbo, entre frase e frase, entre idéia e idéia, como exigir dele um programa de governo coerente?”

Fernando Henrique Cardoso: “Fernando Henrique é um idiota. É um idiota. Os caras falam do Lula… O Fernando Henrique é o Sarney em barroco. Ele não diz coisa com coisa.”

Lula: “O Lula é divertido, vamos dizer assim. Logo que ele começou, eu disse um
negócio e não tenho razão de retirar: ‘A ignorância lhe subiu à cabeça’. Ele está pensando que sabe tudo e não sabe nada.”.

Um comentário:

  1. È. Realmente esse Millôr era um gênio.Concor
    do com a avaliação,em gênero,numero,caso e grau.
    Inlizmente partiu para outro plano,e so nos resta lamentar. Enquanto isso, os mequetrefes da política do ¨¨ venha a nós¨,continuam me-
    tendo a mão, sem dó nem piedade.
    CLIMERIO ANDRADE

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