sábado, 5 de novembro de 2011

Outras Santas Engrácias

Já levei o eventual leitor a passear nas obras do sem fim que entulham nosso centro histórico. Vamos para outro passeio? Desça a Ladeira da Praça até a Baixa dos Sapateiros. Mal se agüentando sobre suas bengalas enferrujadas, lá está o quartel dos bombeiros, aquele absurdo e encantador bolo vermelho e prata.
Seis anos que a procissão de Santa Bárbara não pode entrar pelo perigo de desabamento, que governo nenhum se interessa em solucionar. Para não deixar o espírito de santidade, nestes tempos ricos em beatificações, seguimos pela igreja do Rosário dos Pretos - obras do sem fim - e vamos até Santa Luzia, que espera não se sabe o quê para ser terminada (falando nisso, tema de um próximo capítulo, a restauração do convento franciscano de Cairu está mais enrolada que nosso metrô).
No princípio do milênio, visitei a Faculdade de Arquitetura onde a Dra. Esterzilda já orientava o projeto de relocação dos favelados da redondeza da encosta do Santo Antônio. Sempre emiti restrições sobre o aspecto social desta empreitada, rotulando o resultado como provável celeiro de encrencas. O tempo passa e o governo não demonstra a mínima pressa em entregar suas habitações aos desamparados. O frigorífico demolido deve ser vítima de assombração.
Agora, pedindo perdão pelo incômodo, voltemos ao Pelourinho. Na mesma Rua Alfredo Brito que abriga a interminável obra da Faculdade de Medicina, chegamos a uma portada anunciando o corredor que ficou célebre na tomada de posse e primeiro surto oficial de demagogia do ex-secretário de cultura. A Rocinha servira, então, de palco para o nascimento da estrela frente a uma platéia que não sabia por que estava naquele lamaçal e para o espanto dos moradores preocupados, com toda razão, por tão surreal invasão de engravatados. Belo foi o discurso prometendo transformar a favela em Vila Esperança. Mas já se passaram 5 anos e de vila, nada, nadinha. Só um terreno baldio, pelado. Um vigilante pouco ameno anuncia que a obra está parada há meses. “Até já levaram a máquina!”. Como era mesmo o lema da renovação? Tudo pelo social?


 

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