sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A DITADURA DO BARULHO

Com 85 decibéis a vinte metros, não há Mozart, Bob Marley, Tom Jobim ou Edith Piaf que a gente agüente mais de dez minutos... Já lá vão uns quinze anos que respondi a uma carta mandada pelo Reinhard Lackinger a este jornal, apoiando seu protesto contra o repetido buzinaço de um carro em plena noite. Assim nasceu a Associação Anti-Poluição Sonora de Salvador. O terceiro parceiro desta aventura era o Ricardo Rian, este, sim, baiano da gema. Encontramos em Juca Ferreira e Javier Alfaya os dois indispensáveis vetores para concretizar uma luta difícil, quase impossível, contra a poderosa parafernália da engenharia eletrônica. Algumas vitórias conseguimos, em especial na vizinhança de hospitais e hotéis. Infelizmente a barulheira virou parte biológica de certos baianos e hoje, com a sonolenta surdez da prefeitura, a maioria da população permanece refém de um punhado de agressores. Se bem que onde moram nossos edis, estou convencido de que reina o mais absoluto silêncio. A quem se queixa da omissão da Sucom, esta responde – quando responde - que tem 40.523 reclamações por dia e somente 13 fiscais com 4 viaturas sem gasolina para cobrir uma área do tamanho da Lituânia. Exageros à parte, esta atitude é forma confortável de empurrar com a barriga mais um problema, contribuindo para a “des-qualidade” de vida de nossa capital mundial.
Mesmo num bairro que parece sossegado como o Santo Antônio, o inferno sonoro impera, via carros e motorizadas. Os fins de semana trazem uma alegria obrigatoriamente regada a iguaçus de cerveja e hiroshimas de pagode. O filho do quitandeiro e o play-boy do Barbalho competem com os malhados da Saúde, de Nazaré e da Pituba, carros envenenados, bocão do cofre vomitando decibéis. Quanto pior a qualidade, mais alto o som. Fazer o quê?  No meio da noite, um vizinho coloca axé music e solta berros a competir com o sino da igreja. Na maioria das vezes as vítimas têm medo de reclamar. Com razão, já que os marmanjos agressores ganharam por imbecil plebiscito o direito de andarem armados...

Um comentário:

  1. é uma atitude infame desses usuarios que desrespeitam o nosso direito ao silencio e sossego, a mente humana em vez de evouluir, para uns ela desvolui. o poder publico fica calado diante de tal problema, e a sociedade se esguia da responsabilidade.

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